Por Paulo Nauiack – presidente do Conselho Regional dos Representantes Comerciais no Estado do Paraná (CORE-PR)
No Brasil, são raras as profissões que conseguem se manter relevantes por décadas mesmo diante de transformações intensas nos mercados, nos hábitos de consumo e nas dinâmicas produtivas. A representação comercial é uma delas. E, apesar de ser um pilar fundamental da economia, ainda é pouco reconhecida na proporção do impacto que gera.
Por isso, a aprovação do Projeto de Lei 475/2021, em 23 de setembro de 2025, institui o Dia Estadual do Representante Comercial no Paraná. É um marco que confere visibilidade e respaldo institucional a uma atividade que movimenta, apenas em nosso estado, mais de R$ 106 bilhões por ano, segundo dados do CORE-PR. Isso equivale a cerca de 16% do PIB paranaense — uma fatia expressiva, que revela a potência da nossa atuação.
O texto legal, originado do Projeto de Lei nº 475/2021, de autoria do deputado estadual Hussein Bakri, determina a celebração anual em 1º de outubro, data já reconhecida internacionalmente como o Dia Pan-americano dos Viajantes, Agentes e Representantes Comerciais. Ao oficializar a data no calendário estadual, o Paraná se torna referência no reconhecimento de uma categoria que, historicamente, esteve à margem das políticas públicas de valorização profissional.
Fazemos parte de uma engrenagem invisível, mas essencial. Ligamos a produção ao consumo, indústria ao varejo e pequenos fissoabricantes a grandes redes. Somos interlocutores entre os setores econômicos, conhecemos os mercados locais como poucos e, por isso, ajudamos a ampliar oportunidades de negócios em todas as regiões do estado.
No entanto, mais do que números, falamos de pessoas: somos mais de 18 mil profissionais no Paraná que vivem da representação comercial, geram renda, criam vínculos econômicos e ajudam a formar redes de desenvolvimento. E é nesse ponto que entra a necessidade de valorização.
A nova lei estadual é uma conquista coletiva. Ela nos dá o que sempre buscamos: reconhecimento formal. Não se trata de vaidade, mas de um gesto político necessário para fortalecer a imagem pública da profissão, especialmente diante das novas gerações. Queremos atrair jovens profissionais para esse campo, com qualificação, ética e visão de futuro.
Mas o reconhecimento não basta. Como presidente do CORE-PR, defendo que o fortalecimento da representação comercial precisa vir acompanhado de investimento em formação, atualização técnica e inclusão digital. O mundo mudou, e o nosso setor precisa estar pronto para lidar com inteligência de mercado, ferramentas tecnológicas, atendimento remoto, redes sociais e novas exigências dos consumidores.
Também é preciso discutir os desafios regulatórios e as formas de proteção ao exercício legal da atividade, garantindo segurança jurídica e respeitando os princípios da livre iniciativa. Representantes comerciais não são apenas vendedores: são agentes estratégicos, com responsabilidade sobre relações comerciais que sustentam cadeias inteiras de fornecimento.
O Paraná dá um passo importante ao reconhecer oficialmente a nossa profissão. Que essa iniciativa inspire outros estados e, sobretudo, que sirva de estímulo para seguirmos avançando na construção de um ambiente mais justo, transparente e valorizado para quem representa a economia em movimento.